domingo, 5 de dezembro de 2010

Manutenção é melhor forma de reduzir a desvalorização

Já que a depreciação é inevitável, cuide bem do seu carro para fazer uma venda melhor


Você ficou feliz com a redução do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) para 2011? De fato, o alívio no bolso é bem-vindo. Mas por trás dele está a forte desvalorização dos seminovos, que ocorre há 25 meses consecutivos – desde a crise que abateu a economia mundial e a indústria automobilística em 2008. “Quando houve essa crise global, o Brasil reduziu o IPI e as montadoras diminuíram as margens dentro do revendedor ou de lucratividade. Abriram mão de um pouco para continuar vendendo. Aí, o mercado voltou a aquecer e o pessoal viu que não precisava ter dado tanto desconto, além do promovido pelo IPI. Só que poucas marcas recolocaram os preços nos patamares antigos, pois ganharam escala e novas tecnologias de produção. E se o preço cai, o do usado acompanha”, afirma Paulo Garbossa, da ADK Automotive.

Com os preços de modelos novos praticamente na mesma faixa de dois anos atrás, mais as facilidades de acesso ao zero km (graças aos juros menores e subsidiados e ao amplo acesso a financiamentos), os usados despencaram na tabela. O aumento na oferta de produtos por aqui deu seu empurrãozinho. Se há alguns anos havia apenas as quatro grande marcas (Fiat, Ford, GM e VW), agora há uma infinidade de montadoras atuando no Brasil e elas sabem que quaisquer R$ 10 fazem diferença na hora de manter a participação no mercado. “Com essa concorrência, é possível encontrar muitas promoções, além de carros importados recheados de opcionais mais baratos do que alguns básicos nacionais”, diz Vitor Meizikas, da Molicar.



A boa notícia em meio a tudo isso é que, aos poucos, o Brasil está renovando sua frota (hoje está em 8 anos de 10 meses). Mas para comprar um veículo mais novo ou um 0 km, o consumidor precisa tentar reduzir ao máximo a inevitável depreciação do seu veículo. O caminho mais certeiro para isso é a boa conservação do carro. Os cuidados com o visual e a manutenção correta não impedem a queda do preço nominal. Mas fazem crescer o interesse pelo automóvel. Com o aumento da garantia oferecida pelas montadoras, é ainda mais importante fazer as revisões adequadamente. “Tem gente que não faz por economia, perde a garantia e pode ser prejudicado na revenda”, diz o consultor Garbossa, que também reforça a importância de manter o veículo o mais original possível. “Tudo que você coloca de gosto pessoal, passa a ser de gosto duvidoso para quem vai comprar”, conclui. 

Sofrem menos depreciação, também, os modelos equipados com itens de conforto, como direção hidráulica, ar-condicionado e trio elétrico. “Antes, o interessado em comprar o carro pegava a chave, andava com o veículo e levava, se gostava. Agora, é comum ele perguntar sobre todos esses itens antes mesmo de ver o veículo”, conta Gilberto Deggerone, diretor da Associação de Revendedores de Veículos Automotores no Estado do Paraná (Assovepar). Com a chegada de carros chineses e suas amplas listas de equipamentos, inclusive de segurança, ele acredita que o próximo passo é a procura por itens com ABS e airbags. Mas os chineses e demais importados trazem no pacote a reposição de peças mais complicada e o menor número de revendas, que dificulta um pós-venda de qualidade. Todos esses fatores que podem reforçar a desvalorização.


Por mais difícil que seja, é preciso encarar a realidade. O consumidor tem de esquecer aquela história de que automóvel é reserva de dinheiro e passar a vê-lo como um bem de consumo, cujo preço vai, mesmo, cair. Assim, o melhor é cuidar o máximo possível do veículo e tentar trocá-lo por um mais novo a cada três ou quatro anos, dentro do possível. É a opção para tentar perder menos dinheiro.

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