quarta-feira, 9 de maio de 2012

vai comprar um carro zero? Cuidado.

Juros menores, estoques cheios e promoções podem "maquiar" o custo real



A combinação parece fatal. Bancos baixaram os juros, pátios estão cheios de carros e as montadoras, sedentas por vender – após a forte queda nos emplacamentos entre janeiro e abril de 2012. Para um mercado ainda em ebulição (como o brasileiro), o cenário parece perfeito para levar um carro zero quilômetro para casa. Promoções estão a caminho. Mas não se engane: prestações sedutoras despistam custos "ocultos", e podem resultar em dívidas. 

"A grande questão para o consumidor é entender que o carro não custa o que se paga por ele. Existem vários outros gastos (seguro, estacionamento, combustível, depreciação). Acompanho muita gente que compra seu veículo, paga as primeiras parcelas, mas não leva em conta os outros gastos e, depois, não consegue pagar as prestações restantes", alerta Samy Dana, professor de finanças da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV). 

De acordo com Samy, a redução (em massa) das taxas de juros pelos bancos deve criar condições para que as financeiras aumentem a oferta de crédito. E é justamente aí que mora o perigo. "O governo enfrentou o setor privado fazendo concorrência com os bancos públicos. Mas não temos uma montadora estatal e nossos carros estão entre os mais caros do mundo. Quer dizer, dar crédito sem educar é dar corda para a pessoa se enforcar", pontua o economista da FGV.

Afinal, qual a melhor hora de comprar o carro zero? 

Para o consultor Paulo Roberto Garbossa, da ADK Automotive, a resposta é simples e prática: o melhor momento é quando você precisa do veículo e tem o dinheiro. "O consumidor não pode se iludir com 'brindes'. Não pode se empolgar e entrar em dívida. É como ir ao supermercado e comprar 20 litros de desinfetantes. Você nem precisava, mas levou porque estava em promoção", conclui. 

O especialista em mercado automotivo também aponta como fundamental o exercício de pesquisar e comparar as ofertas. "Tem concessionária que oferece licenciamento, enquanto outra 'dá' o rádio, por exemplo. Quem gosta de som pode se deixar levar. Mas é preciso calcular. Normalmente, a loja não entrega um rádio que chegue no valor da documentação. Então, tem que colocar na ponta do lápis", afirma. 

As mudanças promovidas pelo governo nos juros e nas regras da poupança deixam clara a intenção de incentivar o consumo. Mas a economia ainda está sofrendo ajustes e as montadoras devem se adaptar à nova realidade. Garbossa acredita que as marcas vão procurar soluções criativas e podem até reduzir preços. O presidente daAssociação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, confirma a impressão do consultor: "Os bancos sofreram efeitos do crescimento da inadimplência, que, de uma certa forma, está estabilizada. Todas as novas concessões desde o ano tem sido criteriosas, mas isso deve se flexibilizar agora. Então, sim, esse é um ótimo momento para comprar! As promoções estão aí e as montadoras estão facilitando tudo o possível para atender melhor o consumidor". 

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