quinta-feira, 19 de abril de 2012

Como turbinar seu 1.0

O desempenho melhora em até 50%, mas os gastos podem chegar a R$ 7 mil reais


Geralmente, carros com motor 1.0 produzem por volta de modestos 70 cavalos. Com uma potência tão baixa, é difícil fazer ultrapassagens ou alcançar os 120 km/h sem ouvir gritos de dentro do capô. Mas a instalação de um turbocompressor pode melhorar de 30 a 50% o desempenho de seu compacto. Segundo o engenheiro Rubens Venosa, a alteração faria com que o veículo rodasse de forma parecida a de um 1.5 litros. “E o consumo de combustível pode até ser menor”, completa.



Em um motor com turbocompressor, a energia dos gases que saem pelo escapamento é reaproveitada para movimentar o compressor do turbo, que, por sua vez, joga mais ar comprimido dentro do motor. Com essa maior quantidade de ar denso, é possível utilizar mais combustível, gerando mais potência. Por conta disso, quando o turbo é instalado, também é necessário recalibrar a injeção eletrônica do veículo. Para manter a mistura estequiométrica (de combustível e oxigênio), as informações do chip da injeção são reajustadas à proporção de combustão. “A cada uma unidade de volume de gasolina, é preciso catorze unidades de volume de ar”, explica Venosa.

Hoje, muitas montadoras estão investindo em motores menores turbinados, com o objetivo de diminuir a emissão de CO2 e o consumo de combustível. Um motor 1.0 turbinado pode alcançar a mesma potência que um 1.4 aspirado, porém, por ser menor e consumir menos combustível, ele se torna mais econômico. Antes os turbos eram associados apenas a carros esportivos, mas hoje as montadoras trabalham no desenvolvimento desses motores por conta da questão ecológica. “Para 2015, esperamos um crescimento significativo na oferta de turbos no Brasil”, conta Christian Streck, engenheiro da Honeywell Turbo Techologies.

Turbo Garrett GT12 utilizado no Gol 1.0 da Volkswagen, em 2000

Como consequência da turbinação, o tempo de vida do motor é reduzido, já que seu material e suas peças passam a trabalhar fora das condições originais para as quais foram projetadas. Segundo Streck, a recomendação é que sejam feitas alterações moderadas (de até 30% de melhoria) para não comprometer a durabilidade do motor. “Além disso, é importante fazer a troca de óleo lubrificante em metade do tempo que costumava ser feita”, explica o engenheiro. 

O custo 

Os gastos não estão apenas na instalação do turbo – que chega a R$ 5.500. Antes de fazer a alteração, é preciso solicitar autorização ao órgão de trânsito no qual o veículo encontra-se registrado. Uma vez modificado, o motorista leva o carro até o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), que avaliará a qualidade do produto. Se aprovado, será emitido um Certificado de Segurança Veicular (CSV). E por último, os veículos modificados receberão novos Certificados de Registro (CRV) e Licenciamento (CRLV). “É preciso ficar atento ao prazo da autorização prévia do Detran, pois só tem validade de 30 dias”, ressalta Ricardo Ruiz, da empresa Legalize Seu Veículo. Passado o prazo, o motorista não pode mais rodar com o carro modificado e, de acordo com o especialista, uma segunda autorização é mais difícil de conseguir.

Todo esse processo, se feito pessoalmente, custa em torno de R$ 400. Mas empresas despachantes fazem o serviço em oito dias por até R$ 900. Porém, a comodidade não exclui a obrigatoriedade da presença do dono do veículo para as inspeções. O condutor que for autuado com qualquer característica do veículo alterada sem constar a informação nos documentos, receberá cinco pontos na CNH e multa no valor de R$ 127,69 (infração grave), além de ter o veículo retido para regularização.


Os gases de escape giram a turbina, que dá movimento ao compressor; este injeta ar sob pressão no motor (imagem: Honeywell)





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