terça-feira, 24 de abril de 2012

Carro inundado. O que fazer?

Dicas para evitar o problema, o relato de quem já passou por ele e quais são os prejuízos



Camila (nome fictício), 25 anos, estava voltando para a sua casa, no bairro do Limão, e se deparou com uma rua completamente alagada na segunda feira da semana passada, 10 de janeiro. Quando foi dar a volta para fugir da enchente, foi jogada por um outro carro contra um bueiro e ficou com a roda presa. Tentou tirar o carro dali mas a água subiu rapidamente e seu carro morreu.

Pode parecer absurdo, mas desligar o carro e abandoná-lo é a principal recomendação tanto das seguradoras quando de especialistas aos motoristas que tiverem seus carros atingidos por alagamentos. Rubens Venosa, engenheiro mecânico e proprietário da oficina Motor Max, alerta que o veículo deve ser desligado assim que a água atinge o assoalho. Caso contrário, ela entrará pelos filtros de ar e afetará o motor, comprometendo as partes internas do carro – o chamado calço hidráulico. “Dependendo da altura em que a água está, até a onda que o caminhão faz quando passa ao seu lado é perigosa”, completa Rubens.

Imagens mostram o carro sujo logo após retirada do tapete e instalação de novo carpete

Além do calço hidráulico, o motor do Corsa de Camila teve o monobloco rachado devido ao choque térmico provocado pela água em contato com o motor quente. Parte do motor terá que ser substituída e o prejuízo deve ficar em torno de R$ 6 mil. “Pode ser que a parte elétrica também tenha sido afetada, mas primeiro vamos colocar em ordem o motor”, disse Cláudio, o pai de Camila. “Pelo menos vai ter conserto”.

A viabilidade da recuperação de um carro atingido pela enchente depende do valor do veículo, da existência de seguro e do alcance dos danos. O motor não é a única parte do carro que pode ser comprometida pela água. Rubens Venosa explica que o conserto da mecânica é simples, porque envolve apenas a limpeza de peças e a troca de lubrificantes. O problema maior ocorre quando a parte eletrônica é atingida, pois isso pode significar a perda do módulo eletrônico, que, em alguns carros, chega ao valor de 20 mil reais.

Em casos em que a água invade o interior é preciso retirar o revestimento do assoalho e os bancos para limpeza

Conserto: preços e tempo de espera

Quando ocorre calço hidráulico, é importante mandar o veículo para uma retífica. “Nós conseguimos recuperar o motor em 90% dos casos”, afirma César Alves, diretor comercial da Saddy Motores, retifica de São Paulo. O concerto de um carro popular com motor 1.0 demora de cinco a sete dias úteis e custa em torno de R$ 2.900. Já um importado, com motor de 16 válvulas, custa R$ 4.900 e pode demorar até dez dias. Entre dezembro e janeiro, eles já receberam 15 veículos com este tipo de problema, número superior à mesma época no ano anterior.

Com o motor desligado, os danos causados pelo alagamento diminuem bastante. Às vezes, uma boa higienização dá conta do recado, como no caso da administradora Luciana Belo. No último sábado, 15 de janeiro, a rua onde seu carro estava estacionado, na Vila Maria, inundou. Como o carro estava desligado, não houve problemas no motor. “Tirei a água de dentro do carro com uma caneca e levei para a higienizadora”, conta Luciana, dona de um Honda Fit 2011.

Empresas que oferecem esse serviço percebem um sensível aumento na procura. Na Dry Wash, o preço da limpeza a seco do interior custa de R$ 275 a R$ 375, dependendo do tamanho do carro. No caso de alagamento, às vezes é necessária uma segunda sessão de limpeza, o que pode demorar até sete horas. Em casos extremos, no entanto, é necessário desmontar o interior do carro.“Nós não desmontamos os bancos”, afirma Lito Rodrigues, dono da empresa. “Desaconselhamos fortemente que nossos clientes façam esse tipo de serviço fora de uma tapeçaria, quando percebemos que o caso é mais sério, encaminhamos para outro local”, explica.

Recomendações para uma situação de risco

Motor pode sofrer calço hidráulico e ter partes rachadas pelo choque térmico ao entrar repentinamente em contato com a água

Segundo o engenheiro mecânico Ricardo Bock, só é aconselhável seguir com o carro por uma via alagada se a água ainda não tiver alcançado metade na roda. “Nessa situação, o motorista deve andar em primeira marcha, na faixa de torque ideal do motor”, afirma.

As seguradoras recomendam que os motoristas evitem ruas e avenidas alagadas e nunca tentem atravessar um local onde outros veículos falharam. Neste ultimo caso, se for comprovado que houve imprudência por parte do condutor, a cobertura pode até ser suspensa. Em dias de chuva, segundo dados da Porto Seguro, há um aumento de 30% no volume de socorros prestados pela companhia. Mais de 90% dos segurados optam por uma cobertura que inclui danos causados por enchentes








domingo, 22 de abril de 2012

Vale a pena desligar o motor no semáforo para economizar combustível?



O sistema start-stop desliga e religa o motor automaticamente em paradas rápidas, como trânsito e semáforos, por exemplo, o que economiza combustível e emite menos poluentes. Nos carros comuns, desligar o motor manualmente nessas situações tem o mesmo efeito? Aprendi que só compensaria se o tempo da parada fosse superior a três minutos. Rosberg Medeiros Barreto, Tocantins

Nos motores com injeção eletrônica, segundo Rafael Boreli, gerente da divisão de motores de partida da Bosch, três segundos já tornariam vantajoso desligar o carro. “Este tipo de sistema de alimentação consegue identificar a temperatura do motor e dar uma partida consumindo menos combustível”, explica.

Um dos problemas de desligar e ligar o carro manualmente, no entanto, é o risco de descarregar a bateria. “O sistema start-stop checa se a carga é suficiente para uma nova ignição antes de desligar o carro, evitando o problema”, afirma Boreli. Outra questão é a durabilidade do motor de partida. “Os convencionais agüentam cerca de 40 mil partidas, carros com start-stop duram até 250 mil”, diz.


quinta-feira, 19 de abril de 2012

Como turbinar seu 1.0

O desempenho melhora em até 50%, mas os gastos podem chegar a R$ 7 mil reais


Geralmente, carros com motor 1.0 produzem por volta de modestos 70 cavalos. Com uma potência tão baixa, é difícil fazer ultrapassagens ou alcançar os 120 km/h sem ouvir gritos de dentro do capô. Mas a instalação de um turbocompressor pode melhorar de 30 a 50% o desempenho de seu compacto. Segundo o engenheiro Rubens Venosa, a alteração faria com que o veículo rodasse de forma parecida a de um 1.5 litros. “E o consumo de combustível pode até ser menor”, completa.



Em um motor com turbocompressor, a energia dos gases que saem pelo escapamento é reaproveitada para movimentar o compressor do turbo, que, por sua vez, joga mais ar comprimido dentro do motor. Com essa maior quantidade de ar denso, é possível utilizar mais combustível, gerando mais potência. Por conta disso, quando o turbo é instalado, também é necessário recalibrar a injeção eletrônica do veículo. Para manter a mistura estequiométrica (de combustível e oxigênio), as informações do chip da injeção são reajustadas à proporção de combustão. “A cada uma unidade de volume de gasolina, é preciso catorze unidades de volume de ar”, explica Venosa.

Hoje, muitas montadoras estão investindo em motores menores turbinados, com o objetivo de diminuir a emissão de CO2 e o consumo de combustível. Um motor 1.0 turbinado pode alcançar a mesma potência que um 1.4 aspirado, porém, por ser menor e consumir menos combustível, ele se torna mais econômico. Antes os turbos eram associados apenas a carros esportivos, mas hoje as montadoras trabalham no desenvolvimento desses motores por conta da questão ecológica. “Para 2015, esperamos um crescimento significativo na oferta de turbos no Brasil”, conta Christian Streck, engenheiro da Honeywell Turbo Techologies.

Turbo Garrett GT12 utilizado no Gol 1.0 da Volkswagen, em 2000

Como consequência da turbinação, o tempo de vida do motor é reduzido, já que seu material e suas peças passam a trabalhar fora das condições originais para as quais foram projetadas. Segundo Streck, a recomendação é que sejam feitas alterações moderadas (de até 30% de melhoria) para não comprometer a durabilidade do motor. “Além disso, é importante fazer a troca de óleo lubrificante em metade do tempo que costumava ser feita”, explica o engenheiro. 

O custo 

Os gastos não estão apenas na instalação do turbo – que chega a R$ 5.500. Antes de fazer a alteração, é preciso solicitar autorização ao órgão de trânsito no qual o veículo encontra-se registrado. Uma vez modificado, o motorista leva o carro até o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), que avaliará a qualidade do produto. Se aprovado, será emitido um Certificado de Segurança Veicular (CSV). E por último, os veículos modificados receberão novos Certificados de Registro (CRV) e Licenciamento (CRLV). “É preciso ficar atento ao prazo da autorização prévia do Detran, pois só tem validade de 30 dias”, ressalta Ricardo Ruiz, da empresa Legalize Seu Veículo. Passado o prazo, o motorista não pode mais rodar com o carro modificado e, de acordo com o especialista, uma segunda autorização é mais difícil de conseguir.

Todo esse processo, se feito pessoalmente, custa em torno de R$ 400. Mas empresas despachantes fazem o serviço em oito dias por até R$ 900. Porém, a comodidade não exclui a obrigatoriedade da presença do dono do veículo para as inspeções. O condutor que for autuado com qualquer característica do veículo alterada sem constar a informação nos documentos, receberá cinco pontos na CNH e multa no valor de R$ 127,69 (infração grave), além de ter o veículo retido para regularização.


Os gases de escape giram a turbina, que dá movimento ao compressor; este injeta ar sob pressão no motor (imagem: Honeywell)





domingo, 8 de abril de 2012

Dicas para lavar o carro e poupar o meio ambiente


Veja alternativas para não desperdiçar água ou mesmo deixar de usá-la


Para quem prefere lava-rápidos, mercado oferece opções sustentáveis

Não é nenhuma novidade que o Brasil detém boa parte do mais importante bem natural do planeta, a água – em seu território está 13,7% da água doce do mundo. Também não é novidade que a maioria das pessoas gosta de andar com seu carro limpo. O que nem todos sabem, porém, é como lavar os veículos poupando esse recurso que, apesar de ainda abundante em partes de nosso país, está cada vez mais escasso no mundo. Seja em lava-rápidos ou em casa, há alternativas para manter o carro e a consciência “limpinhos”, às vezes até sem usar uma gota de água. Confira algumas sugestões.

Lavagem em casa

Quase todo final de semana o comerciante Paulo Fonseca dá um trato no seu Hyundai i30. “Faço questão de lavá-lo. Os serviços dos lava-rápidos não me agradam”. Usa detergente neutro para não prejudicar a pintura e uma mangueira para tirar toda lama. “Costumo viajar para um sítio e não tem jeito: ele acaba precisando de uma boa lavagem”, justifica. Sobre a água que consome durante o processo, de cerca de 40 minutos, ele diz: “Já usei baldes algumas vezes, mas, quando está muito sujo, a mangueira é a melhor opção. Para economizar, a fecho quando estou ensaboando o veículo”.

Alexandre Guimarães, engenheiro eletrônico, também não confia nos lava-rápidos e é outro que vai de carro para seu sítio frequentemente. Lá, aproveita para lavar com todo cuidado seu “xodó”, um Camaro SS preto. A alternativa que encontrou para não desperdiçar tanta água? “Uso um bico que controla a vazão de água, funciona como uma lavadora de alta pressão. É bem mais prático e rápido”. Pelas suas contas, consome cerca de 70 litros. “Sem o bico, com certeza, gastaria bem mais”.

As iniciativas de ambos ajudam a poupar o recurso hídrico. Mas Ricardo Chahin, um dos responsáveis pelo Programa de Uso Racional da Água (Pura), da Cia. de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), alerta que o ideal é que a mangueira fosse substituída por balde. “A maioria das pessoas gasta até 30 minutos para lavar o carro. Nesse período, com uma mangueira não muito aberta, são usados 216 litros de água. Com meia volta de abertura, 560 litros. Agora, com balde, o consumo é de 40 a 50 litros”. Ele dá ainda outras dicas: “Evite lavar o automóvel nas épocas em que chove menos e, se possível, lave-o apenas uma vez por mês”.

O contador Antonio Carlos Silva, proprietário de uma Space Fox e de um Gol G5, utiliza baldes para lavar os possantes. “Dá mais trabalho, mas, no final, compensa pelo bem ao meio ambiente e pela redução de custos”, garante. E ele tem até uma técnica especial: “Só lavo na sombra para não manchar, e por partes! Primeiro, o teto, depois a parte dianteira, as laterais e, por fim, a traseira. Não pode levar muito tempo para enxaguar”, aconselha ele, que tem a ajuda do filho para carregar os baldes de um lado para o outro. Mas, e se os carros estão muito sujos? Ele conta: “Nesse caso, a mangueira é melhor porque limpa mais rápido. Afinal, não adianta gastar vários baldes de água para remover o que está impregnado”.



Á gua reciclada permite corte de desperdício sem sacrificar a limpeza pesada

Nos lava-rápidos

A preocupação com o meio ambiente, felizmente, também atinge alguns proprietários de lava-rápidos. A DryWash, por exemplo, é pioneira em lavagem sem água. Lito Rodriguez, proprietário da rede, desenvolveu, em 1995, um produto à base de cera de carnaúba capaz de lavar o veículo e ainda dificultar a adesão de sujeira. Hoje em dia, diversos lava-rápidos adotam o método, principalmente os localizados em estacionamentos de shoppings e de supermercados, que não têm como destinar corretamente a água utilizada no processo de lavagem.

Mas há um porém: o estado do automóvel. Roberto Barrallobre, dono da rede DryTech, que também faz lavagem sem água, salienta que esse tipo de serviço é indicado apenas para os modelos que transitam na cidade. “Apesar de a procura ter aumentado significativamente nos últimos dez anos, ainda não é possível limpar um carro cheio de lama com o produto. Não fazemos milagres”. A gerente da Dry Car Wash do Shopping ABC, Rita de Cássia Souza, admite: “Não aceitamos carros que estejam muitos sujos, pois não terão um bom resultado sem o uso de água”.


Dry Car Wash garante limpeza sem uso de água

Para os carros que estão nessas condições, há uma alternativa ambientalmente correta: os lava-rápidos que reutilizam água. É o caso do Multilimp, que usa apenas 40 litros de água nova na lavagem de um carro e o restante reaproveitado. O Rod Eco Lava Jato, outro exemplo, vai além e usa 100% de água reciclada. José Carlos Tabet, seu proprietário, explica: “Temos desníveis no chão que possibilitam que a água dos processos de 
lavagens seja armazenada em um ralo. Nele, com a ajuda de uma bomba, a água é direcionada a cinco tanques, onde passa por tratamentos químicos e recebe adição de água reciclada da Sabesp para, enfim, ser reutilizada”.

Outro benefício desse sistema é captação da água da chuva, também aproveitada. “Nos preocupamos em construir um lava-rápidos que cuidasse dos carros sem descuidar da natureza”, salienta Tabet. No Eco Lava Jato, todos os produtos usados são biodegradáveis. Os panos usados para secagem dos carros são lavados a cada utilização e, quando velhos, devolvidos para o fornecedor destiná-los corretamente.


Sistema de lavagem da Rod Eco Lava Jato armazena água de chuvas e da própria lavagem pra reaproveitamento

domingo, 1 de abril de 2012

O carro economiza andando em ponto morto?



O carro economiza combustível andando em ponto morto, a famosa "banguela"? 

Se você está acostumado a desengatar a marcha em descidas, achando que vai economizar combustível, você está redondamente enganado. Segundo o engenheiro Rubens Venosa, consultor de Autoesporte, diferentemente do que muitos pensam, descer com o carro em ponto-morto gera um maior consumo de combustível do que descer engatado. "Isso acontece devido ao sistema de injeção eletrônica entender que o carro está em marcha-lenta, o que resulta num pedido de combustível maior por parte do sistema ", explica. Assim, em quinta marcha, por exemplo, a rotação sobe para cerca de 1.500 a 2.000 rpm e o sistema cut-off da injeção eletrônica entra em ação. Ele entende que o motor está funcionando por meio de um embalo e como não há aceleração, ele corta a passagem de combustível.